Os processos seletivos devem ser encarados como uma via de mão dupla. Embora o entrevistador esteja no comando da reunião, o candidato pode ter um papel ativo, mas para isso deve estar preparado. O problema é que quanto mais experiente é o candidato, maior é a tendência dele achar que não precisa se preparar para as entrevistas. Isto é um erro.

Traçando um paralelo, sabemos que os melhores profissionais da área comercial, antes de partir para a ação, não deixam de pesquisar o mercado, avaliar as fortalezas e fraquezas do seu produto, estudar cada cliente e preparar a melhor abordagem, pensando estrategicamente o momento presente e o futuro. Todo contato é feito com intenção, ele sabe por que está onde está e o que quer.

Um executivo em transição de carreira, da mesma forma, deve elaborar sua estratégia de abordagem do mercado, pensando não só na recolocação imediata, mas na continuidade da carreira a médio e longo prazos. Ele já possui uma trajetória profissional de valor, mas há um caminho a ser construído dali para frente e os processos de seleção são como ritos de passagem, que precisam ser bem realizados.

O desafio

Exercer o papel de candidato é um desafio para o executivo, acostumado a ocupar o lugar de contratante, e para cumpri-lo bem deve ele elaborar e por em prática uma estratégia de abordagem da rede de relacionamento e do mercado e isto inclui as entrevistas de seleção.

Preparar-se não significa apenas estudar um script, mas estar pronto para lidar bem com a situação, conforme ela se apresenta.  Por mais que o profissional possa ensaiar (e deve!) uma entrevista sempre será uma surpresa.

Há entrevistadores de todo tipo: experientes, iniciantes, bem ou mal preparados, os que aplicam técnicas eficazes e os que ainda acreditam que o seu “sexto sentido” é bastante para fazê-lo conhecer o candidato. De qualquer forma, essas são variáveis que o entrevistado não pode controlar, então, é melhor saber lidar bem com ela. O papel ativo do entrevistado é superar as adversidades e dar o seu recado, independentemente da qualidade do entrevistador.

A estratégia

A seleção é um processo de escolhas recíprocas, mas o momento de decisão do candidato sobre aceitar ou não a posição deve ser adiado para o final do processo. No início ele pouco sabe sobre a vaga, especialmente se ela estiver sendo tratada confidencialmente. Se o profissional se desencantar com os obstáculos iniciais e se deixar excluir ou desistir precocemente, corre o risco de perder uma boa oportunidade. O momento é de superar as adversidades e esperar para fazer uma escolha consciente, quando todas as cartas estiverem na mesa.

É preciso saber ouvir.  Na ânsia de contar tudo sobre sua trajetória profissional, muitas vezes o executivo não faz a “escuta ativa” da necessidade do futuro cliente. Prestar atenção às perguntas e comentários do entrevistador ajuda a entender a demanda e a formular respostas pertinentes.

Dar respostas completas não significa monopolizar a conversa. Respostas longas demais tomam tempo da entrevista e impedem que todas as dúvidas do entrevistador sejam sanadas. Uma interação dialogada é a melhor forma de ambas as partes se conhecerem.

Porém, quando o entrevistador se põe a contar longamente sobre si ou sobre a empresa, sem devolver a palavra ao candidato é necessário que este encontre uma forma de intervir, por exemplo, mostrando que compreendeu e demonstrando como age para resolver problemas similares. É preciso que o candidato tenha em mente o seu propósito ali e lembre que o entrevistador não pode terminar a reunião sem conhecer sua experiência.

Veja também:

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