Quando se fala em sustentabilidade logo vem à mente os três pilares que devem estar na mira de toda a empresa que pretende se manter viva, equilibrada e saudável no mercado: o pilar ambiental (atuar de forma a preservar o equilíbrio ambiental); o pilar econômico (gerar e manter receita); e o pilar humano (considerar as pessoas de todos os níveis de relacionamento – stakeholders – nas decisões e na atuação). Mas aqui discutiremos  a aplicação do conceito de sustentabilidade na carreira, já que igualmente nos interessa mantê-la viva, equilibrada e saudável.

Os avanços tecnológicos, a velocidade da comunicação, os novos conhecimentos gerados cotidianamente trazem instabilidade e insegurança às formas de trabalho estabelecidas e às carreiras tradicionais, que foram desenhadas de modo a atendê-las. Tais mudanças podem trazer grande incômodo aos que ainda estão vivendo sob tais modelos de carreira, que tendem a se tornar obsoletos com o novo cenário. O desconforto é maior quando a carreira está ancorada mais em aspectos externos (estrutura que a empresa proporciona, cargo, remuneração, benefícios, agenda corporativa etc.) que nas motivações pessoais.

Durante a orientação de executivos sobre esse tema, especialmente quando estão em fase de transição é incomum  encontrar quem efetivamente tenha planejado sua trajetória. A maioria, embora tendo feito escolhas ao longo do caminho, relata que viveu a carreira ao sabor as oportunidades que as empresas ofereciam e não tinha clareza do seu propósito. Permitir que a empresa conduza seu destino deixa o profissional fragilizado quando o vínculo é rompido (seja por demissão, aposentadoria ou outro motivo) ou quando o cenário sofre uma mudança repentina, que ele não se percebe em condições de acompanhar.

A sustentabilidade na carreira é planejada e construída pelo profissional, conforme o propósito por ele definido.

Entender o significado que a carreira tem para si é o primeiro pilar para fazê-la sustentável. Valores e motivações estão ligados ao conceito de equilíbrio entre o ‘eu’ e o ambiente de carreira, à preservação dos princípios básicos, que apoiam o estar no mundo e, consequentemente, no mercado de trabalho.

O pilar econômico é representado pelas competências desenvolvidas, porque é o conhecimento e as habilidades adquiridas com a experiência que permitem ao profissional produzir e gerar receita, viabilizando-se financeiramente. Conhecer o que é capaz de ‘entregar’ ao mercado é fundamental e pode ser demonstrado com suas realizações, mas é importante que o profissional saiba identificar as competências que interessam ao mercado e se mantenha atualizado.

O terceiro pilar é o humano e representa a capacidade do profissional de se relacionar, estabelecer conexões e cultivá-las sempre. Fazer uso adequado e oportuno das redes de relacionamento e realizar comunicações eficazes distingue o profissional em seu mercado. Os recursos da internet como a plataforma LinkedIn ajudam nesse quesito.

O profissional que tem os três pilares da sustentabilidade da carreira bem gerenciados é capaz de identificar tendências e se projetar no futuro do mercado de trabalho. Reconhece suas motivações, está apropriado de suas competências e se articula de maneira desenvolta junto à rede de relacionamento a fim de viabilizar sua inserção em novas frentes de trabalho.

Em contrapartida, as empresas inteligentes procuram conduzir a transição entre os cenários, adotando a cultura de gestão de carreira, que prepara os profissionais para assumir o protagonismo de sua trajetória. Além de gerirem o conhecimento, estreitam a relação com os talentos necessários e os engajam ao seu compromisso com a sustentabilidade.