Quando estamos empregados, o currículo não é uma preocupação e quase sempre fica esquecido em algum arquivo no computador doméstico. Mas quando se busca recolocação ele é considerado um item de primeira necessidade e o profissional percebe que é deve atualizar as informações sobre a última empresa e distribui-lo o mais rapidamente possível. O que importa saber sobre currículos?

Existem vários modelos de currículo disponíveis na Internet, alguns com designs arrojados na forma de distribuir as informações, coloridos, com frases de efeito, mas o essencial não é isso.  Evidentemente, no momento de escolher um modelo, é certo considerar uma estética agradável e não esquecer algumas orientações básicas como: não usar foto, número de documentos, endereço físico; procurar manter em duas páginas; escrever com correção e, definitivamente, preferir a simplicidade. Mas, o que realmente importa é um conteúdo que indique qual é a experiência legítima do profissional.

E como elaborar esse conteúdo?

Na Eleggere, quando o consultor recebe um profissional para o programa de transição de carreira, inicialmente procuramos ouvi-lo, entender como ele vê a própria trajetória e o que prioriza ao apresentar sua experiência.  Desta forma é possível explorar mais a história, espelhar para ele as nossas impressões e fazê-lo ouvir a si mesmo. A elaboração ou revisão do currículo, assim como as outras formas de comunicação da experiência, decorrem dessa reflexão e serão alvo da nossa atenção, a partir do momento que o profissional identificar como pretende dar continuidade à sua carreira.

Há casos em que, inicialmente, o interesse  do profissional que nos procura está focado apenas em uma revisão rápida do currículo, na preparação para participação em processos seletivos. Embora em algumas situações a urgência seja compreensível, consideramos essa forma de abordagem rasa. e mostramos ao profissional como ele pode realizar um processo muito rico e efetivo. Momentos de transição de carreira representam uma oportunidade de fazer escolhas conscientes e assumir a direção da própria carreira.

O profissional só consegue elaborar seu currículo e outros recursos de divulgação da experiência de forma consistente, quando é capaz de atribuir sentido ao seu repertório de experiências e às suas motivações.  Esse também é o primeiro passo para gerenciar sua carreira com autonomia não só durante a transição, mas a qualquer tempo.

Novas tecnologias

Cada vez mais as empresas estão atentas e procuram evitar candidatos ‘maquiados’, com respostas prontas e currículos da Internet.  Algumas organizações de vanguarda já decidiram eliminar o currículo de seus processos seletivos. A iniciativa surgiu como resposta às críticas que há muito se fazem ao documento considerado manipulável e nem sempre honesto em suas informações.

Pode ser que a completa extinção dos currículos demore ou que não nem ocorra, mas os processos eletivos já  vem sendo acelerado por meio dos aplicativos de inteligência artificial, que pesquisam perfis e cruzam os requisitos das vagas com uma infinidade de dados disponíveis de potenciais candidatos.

Outro recurso são os entrevistadores cibernéticos, capazes de identificar a veracidade das informações por meio da captação de sinais de imagem e voz dos entrevistados.

O que é relevante

O fato é, que independentemente da tecnologia à disposição, o desafio continuará sendo o mesmo: o que o profissional é capaz de contar sobre a sua experiência?

A coerência da narrativa de uma carreira fica evidente, quando o profissional toma consciência de seu propósito. Essa é uma construção que passa pela identificação e apropriação do repertório de competências, dos valores e motivações, alinhados à visão sobre o ambiente de carreira.

A elaboração desses elementos  torna o profissional capaz de atribuir sentido à sua trajetória e manifestá-lo de modo coerente em qualquer recurso de comunicação, inclusive por meio do velho e bom currículo, se for o caso. E isso é o que realmente importa.