O lado bom do mundo corporativo existe?

Quando ouvimos as queixas de vários profissionais, muitos deles jovens,  que não aguentam mais a pressão da vida corporativa pode parecer que não não há nada de bom na vida nas organizações.  Os relatos vão desde problemas de comunicação, ciúmes, fofocas, tratamento injusto,  falta de autonomia e de reconhecimento, até casos de subordinação a um chefe incompetente. E há ainda a burocracia, que impede que as boas ideias sejam postas em prática,  para citar apenas alguns dos motivos  que fazem essas pessoas desejarem se afastar definitivamente das organizações e buscarem alternativas de carreira.

Muito já se escreveu sobre certos ambientes de trabalho, que são nocivos e fazem adoecer seus colaboradores. São organizações que se tornaram solos  áridos para que haja desenvolvimento. Os valores são abandonados na parede, os desafios deixam de fazer sentido e, quando não há sentido para o que se faz, a articulação do grupo se perde, as pessoas adoecem ou, melhor hipótese, vão embora.

Mas nem sempre é assim

Por outro lado, há profissionais que referem a experiência de compartilhar ambientes que proporcionam trocas positivas entre seus colaboradores, a boa interlocução e  convivência com outras pessoas talentosas e estimulantes. Não se trata necessariamente de amizade, mas de reciprocidade. As trocas profissionais realizadas em ambientes de confiança permitem o aperfeiçoamento cotidiano da comunicação, das ideias e da colaboração no momento de executá-las; as convergências e os contrapontos, as certezas e as dúvidas, os erros e os acertos compartilhados vão lapidando o conhecimento e a prática e fortalecendo atitudes, competências e a entrega de cada um.

As organizações que oferecem essa condição, em geral, são aquelas cujos gestores são hábeis em articular suas equipes, mobilizando tanto a cooperação no grupo quanto a autonomia de cada colaborador; os desafios são significados pelas pessoas, que se identificam com os valores da organização; há mútuo reconhecimento das competências e do modo de ser de cada um e as ideias são compartilhadas, porque há confiança. Nesses ambientes, o desenvolvimento pessoal e profissional é objetivo de todos e esse é o princípio que faz a organização evoluir.  Não é simples manter essas condições,  afinal, são tantas pessoas e interesses diferentes que  precisam ser orquestrados,  mas é perfeitamente possível.

É preciso ter critério ao escolher

Quando de busca trabalho, há  vários aspectos devem ser levados em consideração na hora da escolha da empresa. Não é só o tamanho, a fama da organização, a remuneração e os benefícios oferecidos que devem ser avaliados. É importante que o profissional procure obter informações sobre o ambiente onde irá trabalhar. Será que vai sentir vontade de permanecer lá por várias horas, todos os dias? As escolhas são mais favoráveis são as que contemplam o que é relevante para o profissional em termos de valores e aspectos motivacionais do trabalho. Isto significa conhecer que ele deve conhecer a si mesmo.

É fato que em tempos de pouca oferta de trabalho fica mais difícil encontrar as condições ideais e, por vezes, é preciso ter tolerâncias às frustrações causadas por determinados ambientes. Porém é aconselhável não perder de vista o ideal e planejar a transição assim que possível, porque permanecer por longo tempo em um ambiente desfavorável adoece.

Alguns encontram outra via

A insatisfação com o mundo corporativo, muitas vezes, faz surgir empreendedores, que buscam viver os seus valores em seus próprios negócios. É inspirador vê-los se tornar líderes que desenvolvem suas ideias em conjunto com seus colaboradores,  escutam mais a contribuição de outras pessoas e constroem o ambiente de comunicação saudável no qual acreditam.