Estamos vivendo um ano no qual, além das previsíveis paradas para o Carnaval, Copa do Mundo de Futebol e eleições, ainda estamos encarando intervalos recheados de más notícias e greves. Isso tudo cria um impasse, mantém as empresas na retranca e faz de 2018 um ano complicado, especialmente para aqueles que perderam seus empregos e estão batalhando pela oportunidade de serem escalados para um próximo jogo.

É mesmo muito difícil ouvir um não atrás do outro em processos seletivos, apesar de se ter talento. É como levar tombo e mais tombo no campo, e não conseguir jogar, embora se tenha preparado muito para mostrar um bom desempenho.

Compreensível a reclamação do candidato, que não obtém sequer uma resposta automática, depois de se aplicar a tantas vagas publicadas. As entrevistas canceladas; o tempo de espera na recepção; a falta de retorno das ligações que fez ao selecionador; o silêncio sobre o seu seguimento ou não no processo, após todas aquelas entrevistas; a vaga que era quase dele, mas que no fim foi cancelada… Enfim, é muita falta, chute na canela, empurrão, puxão de camisa e pênalti que o Juiz não viu. Sem contar a pressão da torcida, querendo saber se ele deu de goleada naquela entrevista com o RH e se vai para final…

Pressão e competição são contingências do processo de transição. Nem tudo ocorre como se espera, há muitas variáveis que estão fora de controle, mesmo quando se é um craque.

Mas a pergunta é: diante do que a realidade oferece, que lugar o tal craque decide ocupar?  O da vítima chorosa e dramática, que reclama, inconformada, por uma justiça que não vem?  O da criança rancorosa e malcriada, que dá o troco trapaceando ou revidando no mesmo tom? Ou o do jogador leal, inteligente, criativo, que trabalha focado, não se intimida com os obstáculos e persiste na intenção de fazer o melhor jogo possível?

Em declaração recente, ouviu-se de um zagueiro o seguinte: – “Em todas as profissões, a gente sabe como é: quando você martela, martela e a bola passa beirando a trave e não entra, fica com o sentimento de que (o seu dia) não é hoje. Mas em nenhum momento deixamos de acreditar. Argumentar (sobre o pênalti que o Juiz não deu) não ia adiantar, faltavam poucos minutos, se fosse argumentar, ia levar isso para frente e de repente não daria tempo de fazer o gol.”  O zagueiro usava uma braçadeira indicando que era o Capitão.

Um outro jogador disse assim: -” O caminho é continuar acreditando, por mais que seja difícil. Independentemente dos resultados dos outros, a gente tem que fazer o nosso papel. Esse foi o que fez dois gols em dois jogos.

Pois é, na vida não dá para ser júnior… Se quer conquistar um emprego ou um campeonato, é preciso manter-se firme no propósito. E se algo o fizer cair, é como diz o samba antigo: “reconhece a queda e não desanima: levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.