Faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar” (Paulinho da Viola)

No primeiro “Aviso aos Navegantes”, escrevi que a internet oferece um mar de possibilidades que nos seduz a todos. Um mar recém descoberto, é bom lembrar. E por ainda não ter sido mapeado devidamente, exige mais cuidados por parte dos que querem se aventurar.

Mais que navegar pelos conteúdos elaborados por outras pessoas, Marinheiros de primeira viagem ou Capitães experientes, podemos todos, indistintamente, publicar os nossos assuntos e retroalimentar o sistema com um nível de interação em escala como nunca se viu antes. Se um ‘peixe’ cai na nossa rede, é possível manifestar sobre ele nossas emoções, intenções, avaliações, julgamentos, comparações e compartilhar tudo, imediatamente, com inúmeras pessoas próximas ou distantes, que poderão fazer o mesmo e assim por diante.

Porém, as informações lançadas na internet propagam-se como ondas e, a depender do contexto, do conteúdo ou da forma como são tratadas,  repercutem de diferentes maneiras: tocam a praia com suavidade, molhando os pés de quem caminha por ali; erguem-se para estimular os surfistas a executarem suas manobras radicais ou devastam tudo o que alcançam, como fazem os tsunamis!

É por isso, que antes de publicar conteúdo próprio ou disseminar os de outras pessoas, é prudente que os navegantes se orientem pelos quatro faróis e reflitam sobre seus alertas:

  • Alerta do primeiro farol: confirme a veracidade dos fatos.

(O conteúdo escrito ou a ser replicado corresponde à verdade? A informação recebida foi verificada? A fonte é confiável? As afirmações estão corretas e expostas de forma clara, de modo a não causar má interpretação?)

  • Alerta do segundo farol: avalie o impacto que a mensagem pode causar.

(O conteúdo pode prejudicar alguém ou ferir algum princípio? Pode causar comoção desnecessária? É discriminatório ou difamatório? É adequado ao público que irá atingir?)

  • Alerta do terceiro farol: avalie a relevância do conteúdo.

(O conteúdo vale a pena ser divulgado? Por quê? Para quê? Acrescenta algo de positivo? Interessa a quem? Como poderá ser usado?)

  • Alerta do quarto farol: Considere o comprometimento de sua própria reputação.

Se a informação é relevante, verdadeira e não fere princípios ou pessoas, já se tem um bom nível de segurança para publicá-la, mas ainda é preciso considerar o reflexo que a publicação pode ter sobre a nossa própria imagem e reputação. Há conteúdos que são incompatíveis com determinadas profissões, cargos, papéis. Outros são impróprios para determinados contextos, mídias, públicos, fóruns, momentos. E há aqueles que o bom senso determina que não sejam publicados, jamais, de jeito algum!

Quando se trata, especialmente, de exposição nas redes sociais, as consequências das nossas publicações não são tão óbvias como podem parecer.  O mar está sempre em movimento e o que a maré leva, pode nos surpreender na volta.

Verdadeiros Capitães sabem disso e durante nevoeiros conduzem seus barcos com o cuidado que o poeta recomenda.

Boa navegação!